Compartilhando Leituras

Se você gosta de ler, prepare-se para descobrir (e devorar) um novo livro a cada semana!

NOVELA É COISA PRA MULHER?

Por acaso você, leitor(a) já teve de ouvir essa “máxima”? Será mesmo que novela é realmente coisa pra mulher? Mauro Alencar (com)prova que não. Doutor em telenovela Brasileira e Latino-americana pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, sua paixão por telenovelas começou desde pequeno, especialmente nos anos 70, quando chegava a gravar inúmeros capítulos para registrá-los – o que assegurou que possuísse um dos maiores acervos videográficos de telenovelas do país. E foi uma das novelas a que assistiu no começo da adolescência que o marcou profundamente: “Selva de Pedra”, escrita por Janete Clair em 1972 (com remake em 1986), um dos maiores sucessos da história da televisão brasileira (e um dos únicos que conseguiu alcançar a marca lendária de 100% de share, que é o número de televisores ligados) – adaptada pelo autor e publicada pela Editora Globo em 2007.

O livro, que é ilustrado com imagens da primeira versão da telenovela, praticamente sintetiza os seus 243 capítulos em pouco mais de 150 páginas. Pode-se pensar que, certamente, não seria possível narrar uma novela desse modo; mas Mauro Alencar soube adaptar com tal maestria que conseguiu transportar o texto da “usineira de sonhos” Janeth Clair para a linguagem literária.

A trama, inspirada no filme “Uma tragédia americana”, apresenta um topos (lugar-comum) recorrente em diversos clássicos da Literatura e em várias outras telenovelas: o desejo de ascensão social a qualquer preço. Levando uma vida miserável no interior do Rio de Janeiro, Cristiano é acusado de um crime que não cometeu: o assassinato do playboy Gastão Neves, após uma briga com o rapaz. Temendo as consequências, Cristiano foge com Simone, artista plástica que presenciou o ocorrido e sabe de sua inocência. Apaixonados, casam-se antes de partirem, vislumbrando uma vida nova na capital.

Quando chegam ao Rio, os dois conhecem o malandro Miro, capaz de tudo para subir na vida. Cristiano passa a trabalhar no estaleiro de seu riquíssimo tio, Aristides, onde conhece Fernanda, noiva de seu primo Caio, que fica enlouquecida por Cristiano. Dividido entre a vida modesta ao lado de Simone e o status social e econômico que Fernanda poderia lhe proporcionar, ele decide, sob a influência do labioso Miro, a deixar a esposa e casar-se com Fernanda. Mas o que não sabia é que Miro, astucioso, tentará matar Simone para deixar o caminho livre para o relacionamento de Fernanda e Cristiano.

A partir daí, a trama toma novo fôlego: Cristiano, no dia de seu casamento com Fernanda, abandona a moça, que enlouquece completamente, a ponto de se transformar, pouco a pouco, numa verdadeira psicopata, disposta a tudo para destruir o homem que mais amara em sua vida. Mas não é apenas ela que deseja vingança: eis que surge, para surpresa de Cristiano, a bem-sucedida artista plástica Rosana Reis. Reconhecendo a ex-mulher, até então dada como morta, em Rosana, esta repudia Cristiano, afirmando ser irmã de Simone (o que na verdade era uma grande farsa). Por fim, Cristiano volta a ser perseguido pelo assassinato do qual havia sido acusado – e Simone é a única que pode inocentá-lo.

Vale a pena conhecer esse grande sucesso na adaptação de Mauro Alencar, não apenas para descobrir uma trama que prendeu o Brasil por quase nove meses, em 1972, mas para perceber essa enigmática influência que a sociedade e a telenovela exercem uma sobre a outra, capaz de fazer com que uma delas, tantos anos depois de exibida, se transforme em livro (ou como outras tantas, cujas histórias e personagens fizeram parte de propagandas de alimentos, álbuns de figurinhas, ou ainda, de coletâneas musicais que embalaram gerações).

Livro "Selva de Pedra", de Mauro Alencar, foi lançado pela Globo


O COMEÇO DE TUDO

Há pouco mais de uma semana, os cinemas de todo o país anunciaram com fervor o novo filme da saga do bruxo mais famoso do mundo na atualidade, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, uma adaptação do sexto e penúltimo livro da série da escritora J. K. Rowling.

Muitos dos espectadores – que já leram a obra – ficam decepcionados (ou não) com o resultado daquilo que vêem nas telonas, afinal, nada pode ser comparável à forma como cada leitor imaginou a trama, cada local, cada personagem, cada mínimo detalhe do romance.

Desta vez, o convite que faço aos leitores, que ainda não se aventuram com as histórias de Harry Potter e seus amigos, é começar a ler Harry Potter e a Pedra Filosofal, publicada por Rowling em 1997. Convido vocês não apenas por ser este o começo de toda a saga do bruxo, mas de uma história surpreendente a cada capítulo, a cada obra, capaz de puxar “pelo pé” os leitores mais atentos e desconfiados.

Harry Potter é um menino de 11 anos que sofre nas mãos dos tios prepotentes, Petúnia e Válter, e do primo mimado, Duda, que o provoca sempre que possível; os três são capazes de transformar a vida do garoto num verdadeiro calvário. Tudo mudaria quando ele começa a receber, a contragosto dos tios, cartas de Hogwarts, uma escola de magia e bruxaria, a ponto de Valter fugir com a família para se ver livre das insistentes correspondências.

Mas Rúbeo Hagrid, o guarda-caças de Hogwarts, resolve buscar Harry Potter no dia do aniversário do menino, dando-lhe um “presente” inesperado: a entrada na escola de magia e bruxaria, que mudaria para sempre sua vida. Descobrindo as verdadeiras razões da morte de seus pais – o assassinato por Lord Voldemort (comumente chamado de “Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado” ou “Você-Sabe-Quem”), um poderoso e maligno feiticeiro que teria desaparecido – como seus fiéis seguidores – após tentar matar Harry Potter, “o menino que sobreviveu” ao mais terrível feitiço de todos.

No mundo dos bruxos, Harry descobre que é praticamente uma celebridade, e que deve escolher quem pode ou não ficar a seu lado. Em Hogwarts, os alunos são chamados por um bem-humorado Chapéu Seleter para que, segundo suas personalidades, vão para uma das seguintes “casas” (uma espécie de fraternidade): Grifinória, Sonserina, Corvinal ou Lufa-Lufa.

Com os novos amigos, o estabanado Rony e a inteligentíssima Hermione, tentará descobrir onde está a Pedra Filosofal, capaz de dar a vida eterna para quem se apossar dela, e se Voldemort está – ou não – próximo a Hogwarts ou dentro dos terrenos da escola para conseguir a Pedra Filosofal, bem como encontrá-lo e destruí-lo definitivamente.

E isto é apenas o início, pois muitas outras aventuras e incríveis descobertas esperam por Harry Potter e seus amigos nas próximas obras, para que ele descubra seu passado e o passado de seu maior inimigo, Voldemort.

Ótima leitura!

Sempre lembre-se que, antes de procurar uma livraria próxima de você, corra atrás de uma biblioteca perto de sua casa, onde você certamente encontrará livros como os de “Harry Potter” e muitos outros sobre magia e bruxaria.
Por Leandro Ricetto - Estudante de Letras da USP e com grande fixação pelas palavras



Confissões de Adolescente


Que época gostosa de se viver, essa da adolescência, não é mesmo? Muitas descobertas sobre o próprio corpo, a construção da identidade (e a formação das “panelinhas”), as grandes paixões e desilusões, são características dessa fase da vida. Certamente, a influência da família e dos amigos pode ser considerada para explicar o comportamento dos jovens. Ainda mais quando revelações aparentemente inocentes, descompromissadas, se transformam em um registro triste e melancólico do que foi (e do que poderia ser) sem ter sido.

É isso que acontece em “Os papéis de Lucas”, uma comovente obra de Júlio Emílio Braz. A história é inspirada em fatos reais: Lucas era um jovem que fazia numa agenda anotações diversas e avulsas, descobertas após o trágico acidente de carro, numa viagem com amigos, que tirou sua vida.

Com um jeito bastante desinibido e que acaba se aproximando dos leitores, ele mostra suas aflições não apenas de seu mundo de adolescente, mas do mundo “real” que o rodeia: a mãe submissa, o pai adúltero, o irmão que deveria ser como um “espelho” para Lucas.

Além disso, a obra toca em temas delicados e de extrema relevância para os jovens da atualidade: o contágio da AIDS e suas consequências, tanto para quem dela adoeceu quanto para as pessoas próximas do soropositivo; o respeito e a solidariedade; a amizade; e, por fim, a “paixonite” da qual Lucas padece do início ao fim da história.

Este é realmente um livro chocante, talvez pelo fato de toda a sua trama ter sido retirada da realidade, e não apenas da inspiração de um escritor, e pelo fato de que apenas alguns fatos narrados pelo adolescente foram autorizados, por sua família, a fazer parte da obra de Júlio Emílio Braz. Mas vale a pena lê-lo, para conhecer um garoto que não teve vergonha de guardar em seu íntimo aquilo que sentia e que pensava, e que mostrou que, como eternos adolescentes sempre descobrindo a vida, não estamos sozinhos nessa deliciosa e amarga fase de nossas jornadas.


Por Leandro Ricetto – Estudante de Letras da USP e amante das letras




ACIMA DE TUDO, SENHORA DE SI MESMA

Como seria a vida de uma mulher brasileira na metade do século XIX? Considerada inferior em relação ao homem, deveria submeter-se (e obedecer) às vontades de seu pai, de seus irmãos e de seu marido. Mas Aurélia Camargo, a grande estrela do livro Senhora, de José de Alencar – que foi publicado em 1875 – resolveu tomar para si os rumos de sua vida e não permitiu que homem algum influenciasse suas decisões.
De menina humilde a jovem milionária, Aurélia se transforma, depois de receber, órfã, uma polpuda herança de seu avô paterno, Lourenço, na mais nova musa da sociedade fluminense: é a rainha dos bailes, e cobiçada por inúmeros pretendentes, dispensa todos eles, pois deseja apenas um, o que a abandonou quando ela ainda era pobre: Fernando Seixas.

Disposta a se vingar do homem que mais amou em sua vida, por ter sido largada, como ela mesma diz a ele, não por amor, mas por dinheiro – seria preterida por Adelaide Amaral, ou melhor, por um dote (um costume da época – toda moça solteira deveria casar-se “levando” ao futuro marido um dote, ou em bens ou em dinheiro) de 30 contos de réis, altíssimo. Aurélia decide fazer uma nova “proposta”: 100 contos de réis, na condição de que, se Fernando aceitasse o “negócio”, não conheceria a noiva de prontidão. Quando se depara novamente com Aurélia, o moço fica radiante; mas ela, na noite de núpcias, o humilha, envergonhando-o diante de si mesmo.

Dali em diante, o amor dos dois se transforma numa verdadeira cena de teatro: para a sociedade, um casal feliz; em sua própria casa, duas pessoas que se detestavam e que nutriam, mutuamente, um ódio aparentemente inabalável.

Para descobrir o fim desta explosiva história de amor e ódio, que condena os casamentos baseados no interesse e não na felicidade e na cumplicidade do casal, não deixe de ler Senhora. Basta ler poucas páginas para perceber que, isolada das descrições grandiosas e idealizadoras do Romantismo, Aurélia Camargo ainda permanece viva – e como – na sociedade atual.

Ótima leitura!

Por Leandro Ricetto, Estudante de Letras da USP e enlouquecido pelas palavras...



CONFISSÕES DA ALMA ALHEIA PARA A NOSSA ALMA

Você já experimentou, alguma vez, ler um livro de poesia? É realmente uma experiência fantástica: já pensou descobrir segredos guardados lá no fundo da alma do escritor, e descobrir que, muitas vezes, pode ser algo que só você pensava que desconfiava ou sabia? Por isso, vocês certamente gostarão de conhecer um poeta gaúcho chamado Mario Quintana, encantador!

Em "Prosa e verso", publicada pela Editora Globo, há uma colêtanea de textos (tanto poemas como pequenos textos em prosa poética ou que se assemelham a pequenas crônicas) de diversas obras deste brilhante autor.

O aproveitamento da vida, considerações sobre as estações do ano e sobre as pessoas, a paixão, o amor, a amizade e o ódio, e até a presença da morte e do sombrio são alguns dos temas abordados em suas deliciosas palavras.

Só pra que vocês percebam a simplicidade e a profundidade de seus poemas, aqui vai um deles:


"POEMINHA DO CONTRA

Todos esses que aí estão
atravancando meu caminho
eles passarão...
eu passarinho!"

Corra já pra biblioteca (ou se preferir, para a livraria), e ótima leitura!

Por Leandro Ricetto - Estudante de Letras da USP e amante das letras!


O QUE SERÁ QUE VEM DEPOIS DO FIM?

Você certamente já deve ter lido ou ouvido contos de fada. Sempre as princesas e seus príncipes terminavam felizes para sempre em seus reinos distantes. Mas será que tudo realme nte acaba assim, como se nada mais pudesse acontecer? É isso que Pedro Bandeira vai mostrar pra nós em "O Fantástico Mistério de Feiurinha", da Editora FTD: todas as princesas conhecidas dos contos de fada, como Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida, e até Chapeuzinho Vermelho - a única solteira - decidem procurar o escritor Pedro Bandeira.

Afinal, a princesa Feiurinha havia sumido há muito tempo; suas amigas dos outros contos de fada temiam que acontecesse com elas o que estaria acontecendo com Feiruinha: sua história já não era mais conhecida - e as princesas precisavam urgentemente de um escritor para registrá-la.

Quem será Feiurinha? Sua história será mesmo resgatada? Quem poderá ajudá-las? Apenas Pedro Bandeira?
Esses e outros mistérios você só poderá solucionar lendo "O fantástico mistério de Feiurinha"!

Por falar em ler, você já experimentou procurar livros na(s) biblioteca(s) de sua cidade?
É uma atividade muito prazerosa, divertida e extremamente enriquecedora, afinal, não é todo dia que você entra num local onde é possível visitar milhares de lugares surpreendentes e conhecer pessoas que você nunca imaginaria conhecer! Até a próxima! Ótima leitura pra você!


Por Leandro Ricetto - Estudante de Letras da USP e fascinado pelo mundo das palavras...

Contatos


Instituto Educare

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São Paulo - SP
Tel.: 11.2619 1745
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Ecoteca - a biblioteca ecológica - esteve presente na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (http://www.lsi.usp.br/febrace/), que aconteceu na USP em março de 2009. A Feira reúne, anualmente, estudantes do último ano dos ensinos fundamental, médio e técnico, tanto de escolas públicas quanto de escolas particulares. Em 2010 será realizada a oitava edição do evento, que é organizado pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola politécnica da USP.





A ecoteca ficou exposta nos três dias de evento e pôde atrair e encantar seus participantes e visitantes com apresentações de fantoche e contações de histórias.





Ciência e Literatura são eixos que se unem pelo fio do interesse no homem e em suas obras, em sua possibilidade de ação transformativa sobre o mundo. Apesar de manterem uma permanente crise, cujo pano de fundo é arte versus ciência, estes dois eixos são fontes profundas de conhecimento sobre a natureza humana. E não se contradizem. Afinal, "no princípio era o verbo" e é ele quem rege e constitui o homem.









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